A BÍBLIA: MITO OU VERDADE?


A disputa entre ciência e religião pela posse da verdade é bem mais antiga do que podemos imaginar. Essa ”guerra” começou por volta do século XVI, quando Galileu Galilei defendeu a tese de que a Terra não era o centro do Universo. Essa primeira batalha foi vencida pela Igreja, que obrigou Galileu a negar suas idéias para não ser queimado vivo.
Bíblia
Quando Darwin lançou sua teoria sobre a evolução das espécies, contra a ideia da criação divina, o fosso entre ciência e religião já era irredutível.
Nos últimos anos,  os cientistas estão provando que o livro mais importante da história é, em sua maior parte, uma coleção de mitos, lendas e propaganda religiosa. O Gênesis, por exemplo, é visto como uma epopeia literária. O mesmo vale para as conquistas de David e as descrições do império de Salomão.
O problema central do Novo Testamento é que seus textos não foram escritos pelos evangelistas em pessoa, como muita gente supõe, mas por seus seguidores, entre os anos 60 e 70, décadas após da morte de Jesus Cristo, quando as versões estavam contaminadas pela fé e por disputas religiosas. O fato de esses textos terem sido comprovadamente escritos nos primeiros séculos da era cristã não quer dizer que eles sejam mais autênticos ou contenham mais verdades que os relatos que chegaram até nós como oficiais. Pelo contrário, até. Os coptas, que fundariam a Igreja cristã etíope, foram considerados hereges, porque não aceitavam a dupla natureza de Jesus (humana e divina). Para eles, Jesus era apenas divino e os textos apócrifos coptas defendem essa versão. Mesmo assim, eles trazem pistas para elucidar os fatos históricos.
A tentativa de entender o Jesus histórico buscando relacioná-lo a uma ou outra corrente religiosa judaica também foi inútil, como ficou demonstrado no final da tradução dos pergaminhos do Mar Morto. Esses papéis, achados por acaso em cavernas próximas do Mar Morto, em 1947, criaram a expectativa de que pudesse haver uma ligação entre Jesus e os essênios, uma corrente religiosa asceta, cujos adeptos viviam isolados em comunidades purificando-se à espera de Messias. O fim das traduções indica que não há qualquer ligação direta entre Jesus e os essênios, a não ser a revolta comum contra a dominação romana.
No Gênesis, a história do dilúvio é uma das poucas que ainda alimenta o interesse dos cientistas, depois que os físicos substituíram a criação do universo pelo Big Bang e Darwin substituiu Adão pela Teoria da Evolução. O que intrigou os pesquisadores foi o fato de uma história parecida existir no texto épico babilônico de Gilgamesh – o que sugere que uma enchente de enormes proporções poderia ter acontecido no Oriente Médio e na Ásia Menor. Parte do mistério foi solucionado quando os filólogos conseguiram demonstrar que a narrativa do Gênesis é uma apropriação do mito mesopotâmico. Não há dúvida de que os hebreus se inspiraram no mito de Gilgamesh para contar a história do dilúvio.
Continua…

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