WikiLeaks: Vaticano considerou massacres de Pinochet como propaganda comunista




O Vaticano qualificou há 40 anos como «propaganda comunista» as informações publicadas depois do golpe militar de 1973 no Chile sobre os massacres da ditadura de Pinochet, revelam documentos do Departamento de Estado divulgados na segunda-feira pela WikiLeaks.
«Durante uma chamada em 18 de outubro [de 1973], o arcebispo [Giovanni] Benelli, subsecretário de Estado do Vaticano, expressou a sua preocupação e a do Papa [Paulo VI] com o êxito da campanha internacional esquerdista para distorcer completamente a realidade da situação no Chile», informa um telegrama enviado a 18 de outubro de 1973 pelo embaixador norte-americano na Santa Sé, disponibilizado no sítio do WikiLeaks.
Benelli, escreve-se no texto do Departamento de Estado norte-americano divulgado pelo WikiLeaks, «classificou-a de cobertura exagerada e possivelmente o maior êxito da propaganda comunista».
Em reação, a Igreja Católica chilena disse na segunda-feira que o Vaticano sempre apoiou os perseguidos da ditadura chilena e lembrou que o telegrama revelado pelo Wikileaks foi enviado pouco tempo após o golpe de Augusto Pinochet, quando ainda não existia uma ideia real da dimensão da repressão.
O WikiLeaks anunciou a publicação na segunda-feira de mais de 1,7 milhões de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos, segundo o fundador do sítio na Internet Julian Assange.
De acordo com Julian Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres, as notas, relatórios e correspondências vão «enfatizar» a grande variedade e o alcance da influência norte-americana em todo o mundo.
Os novos documentos, datados entre 1973 e 1976, estão, contudo, disponíveis para consulta no Arquivo Nacional dos Estados Unidos e não são oriundos de polémicas fugas de informação.
No período da documentação em causa, Henry Kissinger era o secretário de Estado dos EUA.
Assange está refugiado na embaixada do Equador que lhe concedeu asilo político evitando assim a extradição para a Suécia onde é acusado de agressão sexual, mas as autoridades britânicas continuam a assinalar o seu objetivo de cumprir a ordem de prisão.

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