Papa Francisco deve se encontrar reservadamente com religiosas internacionais


Papa Francisco tem agendada uma audiência privada na próxima semana com o grupo de lideranças que representa as congregações femininas internacionais que se reúne em Roma para a sua assembleia trienal, anunciou o grupo nessa sexta-feira.
A reportagem Joshua J. McElwee, publicada no sítio National Catholic Reporter, 03-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Cerca de 800 dos quase 2.000 membros da União Internacional das Superioras Gerais (UISG) estão reunidos emRoma até a próxima quarta-feira. Elas se reunirão privadamente com o Papa Francisco antes da sua audiência geral regular na quarta-feira.
Lideranças do grupo de irmãs, que anunciou o encontro com o papa em uma reunião pré-assembleia nessa sexta-feira, não conseguiam se lembrar da última vez que um papa se reuniu com seus membros em geral.
Papa Bento XVI cancelou uma audiência marcada com o grupo durante a sua última assembleia, realizada emRoma em maio de 2010, por causa dos preparativos para a sua visita a Portugal no mesmo mês.
A decisão do Papa Francisco de se reunir com o grupo é "um sinal de esperança, de interesse pelas religiosas", disse a Ir. Maria Theresa Hoernemann, natural da Alemanha, que trabalha no conselho executivo do grupo de irmãs.
O encontro, disse Hoernemann, foi organizado em um curto espaço de tempo, após a eleição do papa, em março.
Dado o curto espaço de tempo, "seria muito fácil para ele dizer que é tarde demais, mas, em vez disso, ele disse: 'Eu tenho a intenção de me encontrar com as superioras das congregações femininas'", disse Hoernemann, que também atua em Roma como superiora geral das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo, uma congregação internacional.
As notícias do próximo encontro do papa com as religiosas podem ser de um significado ainda maior nos Estados Unidos, onde a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano ordenou que a Leadership Conference of Women Religious (LCWR) fosse revisada e se colocasse sob a autoridade de três bispos.
Várias ex-líderanças da LCWR, que representa cerca de 80% das irmãs católicas dos Estados Unidos, expressaram dor e decepção em abril, quando um comunicado de imprensa vaticano disse que o Papa Francisco "reafirmava" a medida da Congregação doutrinal, inicialmente feita sob o Papa Bento XVI.
Uma liderança das irmãs norte-americanas que está em Roma para o encontro internacional disse que recebia a notícia do encontro da UISG com o papa como um sinal positivo.
"Estou muito feliz e grata pelo fato de termos uma audiência privada com ele, porque, para mim, isso mostra o seu afeto e a sua confiança nas irmãs norte-americanas", disse a Ir. Joan Cook, superiora geral das Irmãs da Caridadede Cincinnati.
"Não apenas nas irmãs norte-americanas, mas para mim, como norte-americana, esse é o significado", disse Cook."Eu diria também que isso mostra a sua gratidão e a sua confiança nas religiosas em todo o mundo, na nossa vida e no serviço que prestamos".
Formada depois do Concílio Vaticano II (1962-1965), a União Internacional das Superioras Gerais é um órgão reconhecido canonicamente que representa as religiosas e promove o intercâmbio e a colaboração mútua entre as inúmeras congregações.
A União tem um escritório em Roma, e seus membros incluem lideranças de qualquer ordem católica de irmãs que desejem fazer parte.
O encontro de quarta-feira com o Papa Francisco é uma das várias vezes em que o grupo terá contato com as autoridades vaticanas durante a assembleia. No domingo, elas devem se encontrar com o cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação vaticana responsável pela supervisão dos membros de institutos religiosos.
Aviz preside essa congregação desde 2011, quando ele substituiu o cardeal Franc Rodé. Rodé não compareceu ao encontro de maio de 2010 do grupo de irmãs, dizendo que estaria fora da cidade para outro evento.
O tema do encontro das irmãs deste ano é "Entre vós não deverá ser assim.O serviço da autoridade segundo o Evangelho", retirado do relato do Evangelho de Mateus, quando Jesus diz aos apóstolos Tiago e João que liderem como servos, não como mestres.
Entre os eventos programados para a assembleia está uma apresentação da irmã franciscana Florence Deacon, superiora geral das Irmãs de São Francisco de Assis, de St. FrancisWisconsin. Deacon também atua como presidente da LCWR e deverá falar sobre a situação da LCWR junto à Congregação doutrinal do Vaticano.
Irmãs de diferentes partes do mundo darão palestras sobre diversos assuntos, incluindo autoridade bíblica, esforços para conter o tráfico humano e tentativas contínuas de colaboração entre as congregações de irmãs em diferentes áreas do mundo.
O encontro também é um momento importante para que as irmãs falem entre si e aprendam juntas, disse a irmã dominicana Margaret Ormond.
"As pessoas vêm de todas as partes", disse Ormond, prioresa das Irmãs Dominicanas da Paz, com sede em Ohio."É uma oportunidade emocionante e maravilhosa para aprender umas com as outras".
Entre as questões-chave que Ormond disse estar pensando enquanto se prepara para a assembleia está como as irmãs "se encaixam na Igreja".
"Qual é o nosso papel e como ele pode ser fortalecido?", perguntou ela. "Como podemos estar ao serviço dos pobres?".

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